segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

descontente

Eu não sei por onde caio
se saio e me entrego
desisto de jogar.
Eu não sei desses princípios,
regras tolas e ordenadas
vou cumprindo.
Já estou cansada.
Eu observo corpo mas não ouço corações.
Nenhum tum tum tum que me faça desabrochar
Eu viro pedra descendo trilhas
e não busco mais olhares para me amparar.
Desisti de muita gente e sigo,
rolo descontente
de inteira e dura que me faço
ao final estilhaços
e não tem dias sem pedidos
sem angústias ou delírios.
Sempre dói alguma coisa
e eu assumo a tristeza
desde o dia em que primeiro chorei no mundo,
sem o nectar materno para me alimentar.
Serei faquir
masoquista
prisioneira
amaranta.
Terei em mim segredos
feitiços ruins nos dedos
e pena de muitos.
A pena de muitos para mim.
Desejarei a paz que ninguém tem
a liberdade que ninguém usufrui
e não darei mais sorrisos.
Há medo de ser só isso e do esperado nunca chegar.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Zunido de vento parado, de tão forte que grita nos faz ficar estáticos olhando tudo ao redor passar. Se ainda tenho amigos - se alguma vez os tive, peço que me orientem, me alumiem, pois não há fundo em tal poço e se não posso parar, aliviem um pouco meu peito.. pesado.
Mas ainda admirado, tanto cansado, persistente e esperançoso. Ai! A vida tá osso! Mas rôo pelas pontas, lascando sem carinho, com respostas secas e lanças.. sem lançar flechas. Muito complicado, o futuro chegando sem avisar e o tempo da terra que gira gira grila gira grita...girou. Calma, peço sem pensar, e depois rio por dentro, ter calma é impossível! E então eu acredito no que ele diz: O importante é parecer.. Mas se pareço o que não sou, tamanha contradição, nunca serei compreendida. Nem mesmo se uma única vez eu me mostrar verdadeiramente, ah, esquizofrenia de seguir e ainda parecer com tantas, tantos, um reflexo à cada espelho.
Quero saber do andarilho de bom coração, me conte o que for bom! Quero encontrá-lo virando a esquina, quando estiver distraída contando moedas, lendo letreiros en passant.
Vai passar?


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

23/05/10

As línguas são grandes facões e palavras injetam na minha veia alguma coisa ruim e feia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

mensagem de despedida

Estou aqui com felicidade imensa e tristeza enorme para dizer que vou deixar sua companhia. Também deixo estas terras para trás pois aqui nada me engrandece. É difícil. Eu já chorei de medo desse vazio e o enfrentei em dias de coragem, mas ele esta sempre aqui; latente e adormecido, pujante e ativo, cheio de desejos e esvaziado de realidade. É o vazio que abandono. Tenho que abandonar esta capa suja de lama, os contrastes, mascaras e enganos inocentes. Abandono meus prazeres e as amarradas do meu corpo que só fica sem movimento. Deixo meus agradáveis vícios, meus túmulos, meus mortos, meu núcleo fragmentado.
Mas nasci desta terra e sou para ela alimento, sou a dor e sofro por qualquer miserável, escolhi ser fraca e errar para aprender, mas aqui já não dá mais. O pássaros não me vêm e minhas asas molhadas pendem pra baixo, controlando o impulso do vôo, pesando meu bico a ciscar. Vou andando fingindo que minhas coxas são curtas e demorando no caminhar, os carteiros não entregam ordens telegramadas e as placas escritas em outro idioma dizem que é pra longe que devo ir. Sem ordem para o abandono do progresso e desistindo da luta pelo amor. Mas é assim que eu devo ir sem pensar que a desistência não será cobrada no futuro. As vezes desisto do futuro, mas logo penso que devo voltar a dormir e acordar. Novamente dia e noite, novamente são os livros que muito mais irão me ensinar.
Deixo este lugar pois que muito ja me enganei e fui julgada e flagrada no sono penitente da culpa. Este ano não contei os dias e me confundi na minha idade, meu século e meu sexo infeliz. As vezes mais muito menos que jogo os panfletos pro ar e saio correndo na ventania atirando ao acaso _ as balas voltam pra me perfurar.
Onde esta meu transparente sem mentira e véu?
Eu tenho mesmo que ir. Renascer, o que que há? Vou pra longe que me cansei das mesmas perguntas e das mesmas respostas que dou... cansei da facilidade da negativa. _ hoje eu não quero falar.
Eu mando notícias.

sábado, 30 de outubro de 2010

Preenchendo os buracos

As necessidades dos homens se resumem no simples preenchimento de buracos. Entre as pernas, na alma, estômago, coração e a boca cheia de palavras. Primeiramente vou perguntar sobre a ética, quero saber quem poderá impunemente falar sobre isso, ditar castigos e avaliar intenções. Quero ser pregada nesta cruz e ver de quantas pedras tenho que desviar. Não quero, mas tenho que sentir no ar hostilidade, pressentir mesmo durante a viagem o buraco crescer. Tão largo quanto mais fundo, eu devo ser aquele monstro do desencontro, que não sabe porque assusta tanto e se torna mais monstruoso de muito se perguntar. Deve ser verdade, se tantos olhos se desviam de mim, se é real a areia no chão e só o sonho do castelo pairando, silencioso, constrangedor, reticente... Estas projeções podem ser flutuantes, tais como telas frouxas no vendaval... os relâmpagos são para os olhos abertos, pra pele mais lisa que anuncia ânsia sem explicação. Eu vi os relâmpagos e eles anunciavam temporal. A denuncia não é protesto, é apenas julgamento sem lei, na terra sem reis, sem réus inocentes. E para preencher buracos é preciso maltratar, cortar na carne e vê se arde. Vai arder sim, mas se a dor não for em mim eu sigo. Se for, insisto.
Eu preciso voltar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Se eu soubesse não falaria, é isso. Só falo do que pouco sei, se sei demais já é óbvio e basta. Mas não basta aqui e agora, já bastava em todos os lugares e sempre; tempo demais, tempo demais que já passou. Muitos burros morreram atropelados, muitas ambulâncias já correram por essas ruas, e nenhuma salvou o burro.
Nem eu fui salva, nem o coração de uma criança azeitona pulsando. Matei homens e deus, quis que tudo se acabasse de uma só vez, e assim disse todas as palavras em todos os momentos e calei quando por dentro maquinava, moía, roía sofrimento. Em todos os momentos. Voa voa lenço branco, chuta a bola Pé de Pano, levanta do asfalto burro cinza. Prefiro saber, saber e lutar sem gana de vencer. E aí não adianta sussurros, eu não vou ouvir, nem jogar o lenço, o corpo ou o olho. Ponho o olho, ponho o olho, vejo abortos coletivos, homens e burros no mesmo pasto e gentes mais verdades no meu tato.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

esse cara

Chego assim sem avisar, mas trago boas novas: venha tragar do sangue que trago. Eu trago seu ar, sim, espero apertar mãos, mas aperto apenas uma vez os lábios em direção a seus olhos... tão apertados e camuflados. Infantis e criminosos. É exatamente assim como falo, disponha minha ronda com quem vive em minha natureza, quem olha nos olhos e sussurra as verdades mais doloridas. Ofereço escolhas e meu sangue, e depois, já propomos acordos de dois, de sonho e sono. Zum zum zum, são os mosquitos chamando, minhas mãos procurando e vitórias sem glórias.
Não não não, eu decifro seu olhar, e dou tempo pra pensar... é o risco que se corre. Eu corro por fora e crio expectativas em potenciais. Tantos guerreiros se formam...
Vamos por agora guardar o tempo. As respostas vêm depois.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mais um encontro de amor na TV, "A senhora que projeta o futuro". Não é filme, nem é série; tele-jornal ou novela. Talvez raios seja o globo e a ecologia, petróleo e a Bacia. Desejos e dejetos, que saem de mim, saem de mim. Vomito todo o alfabeto e converto letras em mais letras, converto pecado em brincadeira e vou seguindo por aí. E então, deixei lá travessias, e não chamo por você, Cadê você, Cadê você?
Estou no mesmo lugar, chicana e camuflada. Amante e amuada. Se não a condição feminina e a força para refleti-lá, de que serviria esta minha maturidade juvenil? Sim, eu sei que mereço... mereço e quero mais. Quero mais viver e mais você no futuro de minhas manhãs.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Minha boca tem convites equilibrados na linha bamba da razão. Envolvidos na bolha de sigilos e mistérios, horas caem bem, ora como convém. E não há certeza se soa desembaraçada ou desinstruída, clarividente ou provocativa: eis o medo de pecar.
Nesses passos profundos, presa em mergulhos ao fundo, o toque do preto quente no transparente já sem samba. Mas eu canto. Rotulo brincadeiras, navego na poeira, me perco no sertão. Faço sarro e confidencias, imponho desabafos. Eu tenho que falar.
Pronto, falei!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

participar

Tem um barco que navega, embarco quebra mar. Tem morena na espera, tem mangue a chorar. Se não faltasse tempo neste relógio, os guerreiros não estariam desaparecidos. E aqueles que fazem tesouros de imbróglios são tão loucos quanto vivos.
Eis enfim a natureza: é minha voz que imita vento, faz assovio, uiva sem parar. São meus braços os movimentos, balança água, faz onda murmurar. Deixe meu choro correr solto, tomar de volta o chão que sempre foi seu. Ai! que lamenta meu coração, que não repousa descanso, abrigo ou remanso, que absorve fluidos de águas que já foram claras, que faziam carinhos às margens e ganhavam algazarra de folhas: a pura alegria.
Cate-me, cata-vento, monumento e energia. São quentes as águas desse azul-barrento e a solidão de alguma forma acalenta peito, acalma vento; precisa ser diferente?

sábado, 28 de agosto de 2010

cuida pra não cegar, viu?

Quero o meu! que as escolhas sejam suas. Quero que você seja seu, deixe meus os desejos.
Além de provocação ganhei ( . )
Prefiro letras e palavras inventadas, mas por favor, não exagere, não venha desmitificar rituais e desmistificar integridades. Vamos tornar comparações familiares? Julgar interesse e esperteza ... tornar as diferenças palpáveis?
Agora que abri essa porta tenho que correr, tenho hora certa para chegar. É a roda de moer, roda de dançar, é a vida na roda.
E eu na fila, em cadeiras numeradas, fazendo despedidas, acordada na madrugada. Agora tenho que organizar o pensamento e fazer um orçamento.
Idéias geniais, filmagens sensacionais. Agora que já coloquei o pé no mundo, eu tenho que andar.
E tem que ser assim!
Vai, diz que telefona e não pergunte meu telefone. Nome? Muito prazer, meu nome você escolhe.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

estrada

Eu faço refúgios, observo rostos e codifico empatias.
Talvez seja mais fácil mentir para si mesmo, talvez mais doloroso. É uma pena a não propriedade da coragem. Sei que ainda sou menina e todos os meninos são cruéis, cada um a sua forma.
Retorno ao roteiro, ainda lembro que ele é quebra-cabeça. Antes que eu enlouqueça, antes que a onda chegue e me deixe de mau-humor, sorrio pro moço ao lado: seus olhos são mais bonitos que seus óculos.

terça-feira, 20 de julho de 2010

ARMADURA

O peso de meus passos sobre o mundo é leve. Persistentemente caminho em direção ao ponto D conduzida por quem segura minha mão, seguramente ao chegar mais ninguém me guiará. Olharei para os lados e verei rostos questionadores perguntando intimamente pela pessoa estrangeira. A seta aponta brilhosamente o contorno, mas é preciso sutileza, ponderação, artifícios e engenhosidade.
Avise da minha importância e da minha fragilidade. Avise sobre minha confusão reinante, camuflada em forma de caricaturas estranhas à primeira vista, ao voltar o olhar, a falta de entendimento pode ser a senha para o abandono. Que seja a prevalência, aqui nada se torna automaticamente definitivo. Mantenho segredos que a ninguém interessam e é por isso que testo constantemente as pessoas, busco seus olhares de interrogação e desconfiança. E quando abrem sorrisos inesperados ganham de mim sorrisos de admiração, parabéns pela coragem de sorrir.
Ah sim! não me esqueço de acompanhar, de observar, de julgar. Estou lá, investigando sorrateiramente suas atitudes, suas falhas, sua altivez que me faz rir ou descansar o olhar em outro ponto, aquele ponto que me enche de luz, só pode ser o céu. Teve dias em que ele me escondia sua luz brilhante e eu, inocente, me esquecia, voltava a lhe fitar e só encontrava um céu cor de rosa, quanta decepção havia naqueles momentos.
Não espero, não interfiro, não incomodo, não busco. Aquele ponto D, onde ainda chegarei, será desmistificador de mim e aí sim, sim, poderás dizer que me conhece, poderei dizer que não me interessa, nunca me interessou, nunca me agradou. E entenderei que tudo isso é aquilo que repudio, que não quero. E como fui tola ao acreditar que esse sistema era harmonioso.
Ao lugar que um dia já pertenci tenho muitos agradecimentos mas admito que era forasteira, sempre fui. Aos que conquistei admiração, amizade, ajuda, aos que me doei, é com pesar que digo que passará, se já não passou. Meus braços rijos pra baixo sem atentar aos abraços. Não sou fã de apresentações, muito menos de despedidas. Não me educaram assim, ninguém me educou. Sou desprendida de pessoas e lugares e por isso o sofrimento de não pertencer, talvez nunca, nunca, nunca.
(inicio de 2009)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

prateleira

Não sei onde vivem os pássaros
nem por onde passa o elefante
Meu rei possui pistolas
ama poesias
e conduz uma boiada
em sua comitiva há tantas virtudes quanto bois
Como se fosse possível mudar um país de continente
e determinar finais trágicos e racionais para o amor
Se fosse permitido manter a palavra amarrada neste reinado
eu gostaria de agradecer alvoradas e crepúsculos admiráveis
Dobrar caixas e guardar cheiros
guardar chaves
manipular práxis
O espírito selvagem adormece esperando sina
Não lembro de tanto brincar quando criança
Nem lembro onde estive a noite passada
mudei meu nome
e meus cabelos cresceram
Eu estava ali
lendo uma poesia aos pés do rei
(ele tinha guardado sua pistola)
e depois contamos tantas estrelas quanto bois

quinta-feira, 1 de julho de 2010

"Aqui tá muito frio mas ainda é verão"

É uma noite. Não é pra esconder felicidade, ou camuflar alguma coisa. Só uma noite de verdade. Havia também possibilidades, e assim seria outra noite. Mas nesta noite, depois de tarde dormida, tricô e conversa com meninas, conheci senhoras. Incrível, elas lêem livros em 30 minutos, cuidam de ateliers, cozinham caldo verde, tantas coisas a se fazer. É necessário viver, de alguma forma. Nesta noite de mesma música de sempre; mesmo trajeto; letras de forma ou rampas, eu me levei embaralhada com as fitas, pregada com os botões, esperando engarrafamentos e manifestações. Nesta noite eu quis beber algo forte; frutas vermelhas, maracujá, pêssego, nem pensar! Abacaxi. Na sala, livros sobre meninos, livros sobre meninas, livros sobre crianças, sobre soluções para a vida, e 'A arca de Noé: Vinicius de Moraes'. Ponto. A menina das fotos eu já conhecia, muito mais bonita que nas fotos, aliás.
E volto.
Tenho que que descansar para o amanhã.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

sonhos intranquilos



Tenho sim. São rodamoinhos. São longas estradas. As vezes, crianças desprotegidas. E têm também ondas fortes. Sensação de agonia e gritos de socorro no meio da noite. Acontece. Uma vez, pais exterminados, dedos cortados. Futuro indesejado. Entro a noite em labirintos de girassóis, todos voltados pra baixo, prostrados, esperando o retorno do desejoSol. Quando o corpo é cansado, pesadelo-sonho-acordado. Nas cidades alagadas, fantasmas molhados. Na Roraima sitiada, a crueldade da infância. "Acho que foi quando meu irmão me empurrou do velocípede". Ainda vejo o cavalo branco na estrada, na curva da ponte, levando minha proteção. Seguram meu pescoço. Eu seguro o fugitivo. Todos na banheira, que incrível a água do ralo voltando!Essa brincadeira não teve graça. Se tivesse, não seria de graça. Eu ando descalço no meio na cidade. Foi o coelho que me hipnotizou: Agora você pode me dar o anel?

domingo, 13 de junho de 2010

sombra do céu

Por que chora assim,
e sorri,
e se desespera diante da possibilidade do infinito?
Você,
que ja foi criança boa
que ansiava seios
debruçava força,
suga e mama
bebe e chupa

Se ainda chora
e ainda sorri
deve ser a continua desigualdade que aflora.
todos os cães em silencio e reverenciando seus passos
que percorrem o infinito
mas aos pobres súditos não deixam rastro.
Todo o leite branco
aos marginais que se proliferam
suga e segue
mama e chupa

E que voam ao céu infinito
nos enganando em sombras preguiçosas
nem nuvens
nem asas
passam espaçosas
Pura enganação!
O que voava no céu
era a infinita existência de um saco plástico
descansa dentro do peito
acalenta e mama
bebe e interroga.

No tempo contado do infinito
seios murchos não irão nos alimentar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

acalma-te, coração

Já sentiu um arrepio percorrer a espinha? Já viu o medo envolto em escuro e solidão? Presenciou o preconceito rasgar a paz? Sufoco de alma, já sentiu? Já teve vontade de dar inocentes beijos de boa noite? Necessidade de falar calma? Já viu o mundo menos esperançoso pela partida perdida? Sonhos desconectados te angustiaram no inicio do dia? Viu sua vontade virar pedra?E chorou pelo sofrimento sem culpa do outro? E sofreu pelo olhar vazio do outro?
Teu peito pesado um dia achará repouso?
Desculpas e conversas desfeitas...não feitas ao nó. Pela trama vermelha continuo pedindo o melhor, coisas belas para pessoas mais lindas. E nesta noite de nuvem tom café, acalma-te coração.

quinta-feira, 11 de março de 2010

espaço local

Tenho tantos segredos secretos
lágrimas que me fogem ao olhar mais honesto.
Tenho resto de madrugadas
e sonhos premonitores.
Ao futuro e Além
Ao infinito,
à quem?
Tanto medo nas mangas.
Revoltas insanas.
E o desespero é nada.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

claro-escuro

há uma ordem;
calmaria na consciência
e pensamentos a trabalhar.
as grades trazem segurança
mas só é necessário proteção.
Não giro o mundo
nem protesto amores
quando neste vazio de dores
sobra espaço pra sonhos antigos
e saudade do verso que não engasga mais.
deve ser meu desfrute ao andar em coletivos:
sorrir com a moça ao telefone
e curar as carências da alma.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

amor com amor se paga

Há quem tropece nos próprios sentimentos porque eles são abundantes, fluem como suor num Fevereiro quente e sem chuva para aliviar. Esses acham que a forma mais genuína de amor é o cuidado, com razão; no entanto, esse tipo de amor esta fadado ao fim que não é mais do que a saúde do bem amado. Inocentemente imagino o amor como uma gaiola e isso implica proteção e cuidado ao passáro, implica também cerceamento. É insólito, mas há em tudo o tom em contraste, a dialética inerente ao ser: Eu vivo, alguma coisa morre; faz seca, em São Paulo tudo alagado; eu liberto, choro meu aprisionamento; cantamos, por detrás o silêncio; o amor... e a dor. A síntese? A síntese... a síntese... o massacre do grito, a invenção.