sábado, 30 de outubro de 2010

Preenchendo os buracos

As necessidades dos homens se resumem no simples preenchimento de buracos. Entre as pernas, na alma, estômago, coração e a boca cheia de palavras. Primeiramente vou perguntar sobre a ética, quero saber quem poderá impunemente falar sobre isso, ditar castigos e avaliar intenções. Quero ser pregada nesta cruz e ver de quantas pedras tenho que desviar. Não quero, mas tenho que sentir no ar hostilidade, pressentir mesmo durante a viagem o buraco crescer. Tão largo quanto mais fundo, eu devo ser aquele monstro do desencontro, que não sabe porque assusta tanto e se torna mais monstruoso de muito se perguntar. Deve ser verdade, se tantos olhos se desviam de mim, se é real a areia no chão e só o sonho do castelo pairando, silencioso, constrangedor, reticente... Estas projeções podem ser flutuantes, tais como telas frouxas no vendaval... os relâmpagos são para os olhos abertos, pra pele mais lisa que anuncia ânsia sem explicação. Eu vi os relâmpagos e eles anunciavam temporal. A denuncia não é protesto, é apenas julgamento sem lei, na terra sem reis, sem réus inocentes. E para preencher buracos é preciso maltratar, cortar na carne e vê se arde. Vai arder sim, mas se a dor não for em mim eu sigo. Se for, insisto.
Eu preciso voltar.

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