domingo, 2 de janeiro de 2011

documento

Se é pra desabafar. mando o primeiro de 2011. este ano eu gostaria de contar mais coisas felizes. Pedido feito.



A campanha tem que ser pelo beija-flor. Vamos então falar dos prazeres, não dos desprazeres. Sabe onde o mal beneficia meu prazer? Sabe o quanto eu minto para viver? O quanto tem que estar e ser e me embaralhar e retratar?
Perdão.
Eu escuto. Mas não quero falar, nem ter, nem ser. Sempre preferi te ver, ouvir e sentir. Sabes bem dos meus vacilos, grilos, destes olhos abertos para avistar qualquer perigo e fugir. E ficar. E lutar. Mas não, não, não saberia fazer isto sozinha, sem planos mirabolantes para me ajudar.
Muitos gostariam de ser piquititinho; tocar aquela Gaita refinada e elegante; Mas ainda sinto saudade do Betão; Muitos querem ter olhos cor de mel e receber seu pedaço de pão no portão. Eu quis primeiro.
Quando comecei a escrever, você começou a filmar, então filma a menina falar! Escrevi o início, sonorizei política e a arte de ensinar.
_ Você não gosta de conversar sobre política?
Foi o que a menina me perguntou. Ainda estou muda com essa pergunta e preciso muito cozinhar, ser proletariado, massa, povo, cu, preciso muito mais me embaralhar, cozinhar papéis e não me livrar da sensação de que tem alguma coisa fora do lugar.
Tem alguma coisa fora do lugar, alguma coisa fora do lugar. Esse mar está tão sujo que esse corpo a água não vai lavar. Nem a alma. A lama.
Dizem que o ano-novo é o aniversário. Nos últimos 12 meses nenhuma mudança foi comemorada. Não preciso de você, mesmo que manipular me dê prazer, o gozo de perder a mão, de tocar o transparente. Não preciso pagar para me ouvir e juro que ao menos uma vez eu não vou sentar. Eu não tenho nada para dizer e me sinto tão vazia como se estivesse pronta para recomeçar. Não há nada para recomeçar.
Eu escrevo, lá filma. Eu escuto, eles falam. Mas nem aqui estou, aqui estarei amanha. E sei lá, estes e mais estarão aqui.
Que olhar é esse, com sorriso de canto de boca?
Olhares mais sórdidos.