terça-feira, 20 de julho de 2010

ARMADURA

O peso de meus passos sobre o mundo é leve. Persistentemente caminho em direção ao ponto D conduzida por quem segura minha mão, seguramente ao chegar mais ninguém me guiará. Olharei para os lados e verei rostos questionadores perguntando intimamente pela pessoa estrangeira. A seta aponta brilhosamente o contorno, mas é preciso sutileza, ponderação, artifícios e engenhosidade.
Avise da minha importância e da minha fragilidade. Avise sobre minha confusão reinante, camuflada em forma de caricaturas estranhas à primeira vista, ao voltar o olhar, a falta de entendimento pode ser a senha para o abandono. Que seja a prevalência, aqui nada se torna automaticamente definitivo. Mantenho segredos que a ninguém interessam e é por isso que testo constantemente as pessoas, busco seus olhares de interrogação e desconfiança. E quando abrem sorrisos inesperados ganham de mim sorrisos de admiração, parabéns pela coragem de sorrir.
Ah sim! não me esqueço de acompanhar, de observar, de julgar. Estou lá, investigando sorrateiramente suas atitudes, suas falhas, sua altivez que me faz rir ou descansar o olhar em outro ponto, aquele ponto que me enche de luz, só pode ser o céu. Teve dias em que ele me escondia sua luz brilhante e eu, inocente, me esquecia, voltava a lhe fitar e só encontrava um céu cor de rosa, quanta decepção havia naqueles momentos.
Não espero, não interfiro, não incomodo, não busco. Aquele ponto D, onde ainda chegarei, será desmistificador de mim e aí sim, sim, poderás dizer que me conhece, poderei dizer que não me interessa, nunca me interessou, nunca me agradou. E entenderei que tudo isso é aquilo que repudio, que não quero. E como fui tola ao acreditar que esse sistema era harmonioso.
Ao lugar que um dia já pertenci tenho muitos agradecimentos mas admito que era forasteira, sempre fui. Aos que conquistei admiração, amizade, ajuda, aos que me doei, é com pesar que digo que passará, se já não passou. Meus braços rijos pra baixo sem atentar aos abraços. Não sou fã de apresentações, muito menos de despedidas. Não me educaram assim, ninguém me educou. Sou desprendida de pessoas e lugares e por isso o sofrimento de não pertencer, talvez nunca, nunca, nunca.
(inicio de 2009)

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