sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Se eu soubesse não falaria, é isso. Só falo do que pouco sei, se sei demais já é óbvio e basta. Mas não basta aqui e agora, já bastava em todos os lugares e sempre; tempo demais, tempo demais que já passou. Muitos burros morreram atropelados, muitas ambulâncias já correram por essas ruas, e nenhuma salvou o burro.
Nem eu fui salva, nem o coração de uma criança azeitona pulsando. Matei homens e deus, quis que tudo se acabasse de uma só vez, e assim disse todas as palavras em todos os momentos e calei quando por dentro maquinava, moía, roía sofrimento. Em todos os momentos. Voa voa lenço branco, chuta a bola Pé de Pano, levanta do asfalto burro cinza. Prefiro saber, saber e lutar sem gana de vencer. E aí não adianta sussurros, eu não vou ouvir, nem jogar o lenço, o corpo ou o olho. Ponho o olho, ponho o olho, vejo abortos coletivos, homens e burros no mesmo pasto e gentes mais verdades no meu tato.

2 comentários:

Unknown disse...

poesia.

Nossa, gostei muito!

Muitas imagens sinceras, conscientes.. Sem maquiação. (Profundamente confusas)

Senti um pouco de confusão no meio, você parte de um ponto pra outro, numa velocidade... acabei me perdendo um pouco.

talvez compusesse mais as imagens, (mas seria muito assustador, caracterizar em demasia tudo aquilo que sente?)

talvez compusesse mais as imagens, e os pontos de toque - onde elas se abraçam e dialogam entre si [as imagens] - ficariam mais claros, e eu não me perdesse tanto. xD~

talvez seja só viagem!
aquele abraço.

Unknown disse...

tem um amigo com um blog "a confusão como explicação"...

argumenta a confusão como modo de explicar a contemporaneidade - sendo ela mesma confusa, nada melhor que falar "confuses" :)

caso queira dar uma olhada:
http://faeldulobo.blogspot.com/