sexta-feira, 18 de junho de 2010

sonhos intranquilos



Tenho sim. São rodamoinhos. São longas estradas. As vezes, crianças desprotegidas. E têm também ondas fortes. Sensação de agonia e gritos de socorro no meio da noite. Acontece. Uma vez, pais exterminados, dedos cortados. Futuro indesejado. Entro a noite em labirintos de girassóis, todos voltados pra baixo, prostrados, esperando o retorno do desejoSol. Quando o corpo é cansado, pesadelo-sonho-acordado. Nas cidades alagadas, fantasmas molhados. Na Roraima sitiada, a crueldade da infância. "Acho que foi quando meu irmão me empurrou do velocípede". Ainda vejo o cavalo branco na estrada, na curva da ponte, levando minha proteção. Seguram meu pescoço. Eu seguro o fugitivo. Todos na banheira, que incrível a água do ralo voltando!Essa brincadeira não teve graça. Se tivesse, não seria de graça. Eu ando descalço no meio na cidade. Foi o coelho que me hipnotizou: Agora você pode me dar o anel?

domingo, 13 de junho de 2010

sombra do céu

Por que chora assim,
e sorri,
e se desespera diante da possibilidade do infinito?
Você,
que ja foi criança boa
que ansiava seios
debruçava força,
suga e mama
bebe e chupa

Se ainda chora
e ainda sorri
deve ser a continua desigualdade que aflora.
todos os cães em silencio e reverenciando seus passos
que percorrem o infinito
mas aos pobres súditos não deixam rastro.
Todo o leite branco
aos marginais que se proliferam
suga e segue
mama e chupa

E que voam ao céu infinito
nos enganando em sombras preguiçosas
nem nuvens
nem asas
passam espaçosas
Pura enganação!
O que voava no céu
era a infinita existência de um saco plástico
descansa dentro do peito
acalenta e mama
bebe e interroga.

No tempo contado do infinito
seios murchos não irão nos alimentar.