sábado, 5 de março de 2011

Sonho antigo e impressões passadas.

Primeiro há de conhecer as planícies alagadas e deixar que os pés afundem em lama macia e fresca. Busque pisotear a grama úmida e viva: gire a cabeça e compartilhe do céu e do chão, com garças e pássaros nunca vistos que gritam incessantemente comemorando a liberdade. Deixe que os peixes venham lhe cumprimentar, que descansem o olhar em você e que você se embarace porque seus olhos ultrapassam o sólido. Veja a fumaça da fábrica ao longe, e sinta perto suas mãos lhe tocando, quase num carinho aos seus cabelos. Veja o céu que não tem fim e o sol delicado. Fuja, corra, voe. Lave os pés em lama preta, ande em águas rasas e afunde na certeza da superfície. Que seus olhos pintem o céu em tons vermelhos e azuis. Tanta serra ao longe e lá o sol se esconde, por isso a lua pode comparecer e sorrir. Hidratante de alma.
Na cidade dos sonhos nada de novo. Apenas o óbvio. Ao menos em sonho te encontro e cobro. Cobro de você palavras vivas. Cobro atenção. Anseio olhos que enxerguem além de armaduras, da pele dura, de vincos na testa e face que explana dúvida. Entendo seu ponto de vista, onde dúvidas são mais bonitas que sorrisos. E nesse castigo de esperar... canso porque nosso tempo é diferente. Lhe cobro atenção em meio a obrigação, e tanta gente vê, tanta gente sabe. Tanta gente ri de mim e lhe inocenta porque és Fortaleza. Incorruptível. Nesse campeonato não há troféus nem ganhadores. Troco meu brinde, minha garrafa vazia por quem eu acabei de conhecer, mas me conhece desde o tempo que meu nome era...
Na cidade dos sonhos triste é o fim. Acuada, envergonhada e triste, machuco meu único desejo em gesto agressivo. E acordo. Me parece que a realidade não é tão diferente.
Brinco, porque numa distancia de 6 horas o universo me protege.