segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O +

O sol surgiu mansamente como sempre fez por todas as manhãs. Nos lençóis um pouco de sangue, um pouco de dor calada pelo remédio da madrugada. Pela janela, teima em ser paisagem outras janelas que se fecham a curiosidade. Por toda curiosidade, pares de olhos famintos por explicação, cheios de piedade.
Era dia de luz, era dia de sol. no descanso que se convertia em paz. Paz selada por lágrimas tão molhadas, tão cheias de cansaço, tão teimosas em cair e em inexistir perdidas no sono. Já não existe nada aqui, há dias tentam lhe contar. Não há nada que se mova, que pulse, que despenda força, já haviam lhe contado isso, não se lembra?
E agora, neste momento não há nada que a faça sofrer, esconder o choro, sentir medo. Enquanto você sonhava com dias de sol, eles colhiam gentilmente aquilo que voce não desejava, erva daninha, mato seco, fruta passada.
Brota o sumo para uma nova vida, o adubo é injetado na veia, mas ela disse que é preciso sulfato ferroso, repouso, líquido.
Desce as escadas menina e busca o sol que mansamente já alcançou a metade do céu. Busca uma saída diferente daquela que você conhece, busca o desconhecido, o surpreendente, aquilo que sempre esteve ali mas que você nunca observou. Vá rápido e não leve nada daquilo que já deixou, já não existe nada aí, eles lhe contaram. O que há de vir, precisa ser cavado com as mãos. Seu sangue é limpo e fraco, seu sangue é raro.

Um comentário:

Tati Tavares disse...

o não também direciona, essa é a parada, "sangue bão"!