sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

habitus

Ainda que eu corra muito, sobra tempo. Voltando a falar do tempo, explico, falo dele porque ele não é meu. Na verdade, falo quase sempre do tempo perdido, preterido, desejado. O tempo do fundo, do mundo, nascer-dia do galo. Há um tempo de festa e agitação. O lençol no varal ou a bandeira na final sinalizam grande encerramento, há na boca o gosto de contento e o fim batendo à porta. Bate, sopra.

E mesmo que o céu navegue numa noite de marinho. Sendo lua o farol, nuvens baleias, bichos vivos, escamados e exóticos, ainda assim, é um mar-céu-marinho, nuvem-escama-peixinho, lua-farol-sorte de luz.

Sei que passam ceús e terras, mas a palavra fica, mesmo que vã. Quando machuca e fica marca, que a marca seja forte para envelhecer como cicatriz. Do contrário, apenas um roxo ou aranhões avermelhados, fica a dúvida da lição.

Devem ser sinais, sinais fortes e amarelos que informam a necessidade de atenção, otimismo e luta. Estando dentro do mar, sendo as ondas fortes e te levando pra longe, o pensamento te faz por um segundo desistir de nadar. Porém, a fome de vida, quem ainda te espera na praia, a inteligencia e a vontade de amar fazem braços e pernas abraçarem a onda mais amiga e voltar.

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